O estoicismo é uma corrente filosófica da era do helenismo. Foi fundada por Zenão de Cítio em meados do século III a.C. Muito citada atualmente pelo desapago que promovia, ela tratou de temas como a moral, conhecimento humano e até o cosmos.
Características do estoicismo
- Ataraxia (tranquilidade do espírito);
- Autarkeia (autossuficiência);
- Apátheia (estado de livramento das pertubações);
- Eudaimonia (felicidade);
Os ensinamentos da filosofia estoica
Ataraxia
A ataraxia (αταραξία) ou tranquilidade de espírito e ânimo significa impertubalidade, ausência de perturbações, sem transtornos e sem agitação. Ela foi utilizada inicialmente por Demócrito, mas foi na filosofia estoica com Zenão que ela passou a ser uma busca constante dos pensadores. Eles acreditavam que para alcançá-la seria necessário praticar a virtude, o que resultaria na anulação de suas paixões e sofrimento (apátheia) para tudo aquilo que não está sob seu poder; consequentemente isso traria a tranquilidade de espírito (ataraxia).
Autossuficiência
A autossuficiência (αὐτάρκεια – autarkeia) é uma consequência da ausência de perturbações e da pratica da virtude. Isso acontece porque quando se busca a felicidade (εὐδαιμονία – eudaimonia), para os estoicos, você deve abdicar de tudo que não está sob seu controle. Partir do momento em que você não depende mais de fatores externos para ser feliz e viver, você se torna autossuficiente.
Negação de sentimentos externos
Negar sentimentos externos é necessário para que se possa atingir a ataraxia. Estar submetido ao externo em que não se tem controle é o equivalente a sofrer perturbações e não se feliz.
Enfrentar os problemas através da razão
A busca da felicidade é realizada por meio da virtude (exercício da razão). Isso já condiciona que todas ações serão mediadas pela razão em um movimento constante na busca pela ataraxia e eudaimonia (tranquilidade e felicidade).
Principais filósofos estoicos
Zenão de Cítio
Zenão de Cítio, um comerciante que se tornou filósofo, é considerado o fundador do estoicismo. Ele nasceu em Cítio, uma colônia da Fenícia na ilha de Chipre, por volta de 334 a.C. Após um naufrágio na Grécia, Zenão acabou em Atenas, onde foi introduzido à filosofia.
Marco Aurélio
Marco Aurélio, também conhecido como o “Imperador Filósofo”, foi um dos mais renomados praticantes do estoicismo. Nascido em Roma em 121 d.C., ele se tornou imperador em 161 d.C. e é lembrado como um líder justo e humano. Durante seu reinado, ele enfrentou numerosos desafios, desde invasões bárbaras até a peste antonina. Em meio a essas dificuldades, ele se voltou para a filosofia estoica como um meio de lidar com tudo. As Meditações de Marco Aurélio, uma série de reflexões pessoais escritas durante suas campanhas militares, são um testamento duradouro de seu compromisso com a filosofia estoica.
“A felicidade da sua vida depende da qualidade dos seus pensamentos.”
Epiteto
Epiteto, um filósofo grego que viveu entre 50 e 135 d.C., foi uma figura de destaque no estoicismo. Como ex-escravo, Epiteto via a filosofia não como um mero exercício teórico, mas como uma ferramenta para a vida diária. Ele acreditava firmemente que, enquanto não podemos controlar tudo o que nos acontece, podemos controlar como reagimos.
“Desterra de ti desejos e receios, e nada terás que te tiranize.”
Sêneca
Sêneca foi um dos filósofos mais influentes do estoicismo, vivendo entre 4 a.C. e 65 d.C. Ele foi não só um filósofo, mas também um dramaturgo e estadista proeminente, tendo servido como conselheiro do imperador Nero. No entanto, ele é mais conhecido por suas obras filosóficas, que oferecem conselhos práticos para lidar com as dificuldades da vida. Sua sabedoria estoica enfatiza a importância da virtude e da autodisciplina, e insiste na ideia de que devemos aceitar as coisas que estão além do nosso controle.
“Às vezes, até mesmo viver é um ato de coragem.”
Cleantes de Assos
Cleantes de Assos foi um importante filósofo estoico que sucedeu Zenão de Cítio como líder da escola estoica. Nascido na cidade de Assos, na atual Turquia, Cleantes foi inicialmente um boxeador antes de se dedicar à filosofia. Ele é conhecido por suas contribuições à lógica estoica e por seu hino à divindade universal, que reflete a crença estoica no logos, ou razão universal.
Crisipo de Solis
Crisipo de Solis foi um proeminente filósofo estoico da Grécia Antiga. Nascido em Solis, ele teve uma grande influência no desenvolvimento do estoicismo após a morte de Zenão de Cítio. Também fez contribuições significativas para a lógica e a teoria do conhecimento estoica, além de escrever mais de 700 obras, embora infelizmente nenhuma tenha sobrevivido intacta até os dias atuais.
Panécio de Rodes
Panécio de Rodes foi um filósofo estoico grego que viveu entre 185 e 109 a.C. Ele foi aluno de Diógenes de Babilônia e Antípatro de Tarso e se tornou a figura principal da Escola Estoica de Atenas (o último escolarca). Panécio é conhecido por ter introduzido muitos dos conceitos centrais do estoicismo e por ter influenciado significativamente a filosofia romana.
Posidónio de Apameia
Posidônio de Apameia foi um filósofo estoico que viveu entre 135 e 51 a.C. Ele nasceu em Apameia, na Síria, e foi aluno de Panécio de Rodes. Posidônio é conhecido por suas contribuições à física e à ética estoica, e suas obras tiveram grande influência em pensadores posteriores como Cícero e Sêneca.
Pensamento contemporâneo
Fases do Estoicismo
- Estoicismo antigo;
- Estoicismo Helenístico Romano;
- Estoicismo do Império Romano.
Principais citações
Diferença entre Estoicismo e Epicurismo
Enquanto o estoicismo busca a tranquilidade e paz por meio da aceitação e harmonia com a natureza, o epicurismo busca a felicidade dos prazeres.
O que é ser uma pessoa estóica?
É viver de acordo com a virtude em busca da felicidade, abdicando de tudo aquilo que não está sob seu controle, desde prazeres como o amor e luxuria até medo e raiva.
Quais são os principais ensinamentos do estoicismo?
A virtude como meio para a felicidade. Eles utilizavam a virtude, isto é, o exercício da razão, como um caminho até a felicidade. Esse processo contaria com a ataraxia e apátheia (tranquilidade da alma e ausência de dores), sempre visando a auterkia e audaimonia (autossuficiência e felicidade).
Estoicismo como praticar
Para praticar estoicismo você deve procurar ser autossuficiente, visando a felicidade sempre por meio da razão, abdicando das forças externas que não tem controle.